Ela conta como concilia os cuidados com o filho, a casa, o marido e administra seu programa e sua marca
Em 40 minutos de conversa, a palavra família entoa quase como um mantra e é repetida 13 vezes, em momentos diversos. Quem não conhece Eliana Michaelichen Bezerra, 38 anos, apresentadora, empresária, dona de um site feminino, de uma editora de livros, com mais de 180 produtos licenciados e vice-líder de audiência aos domingos pode até interpretar a fala como discurso político.
O império Eliana, de fato, é imenso. Em 24 anos, sua marca já movimentou mais de R$ 1 bilhão. Para ela ganhar o rótulo de rainha e se comportar como tal bastariam pequenas atitudes. Mas, com os pés descalços no chão, jogada no sofá de seu camarim, no SBT, Eliana mostra que aprendeu cedo a fugir das artimanhas da fama. “Eu sou bem comedida. Nunca cometi grandes extravagâncias. E sei exatamente o valor do dinheiro. Venho de uma família bem humilde”, diz ela.
O destino até tentou fazer com que Eliana seguisse outro caminho. Ainda muito criança, a filha do zelador José e da arrumadeira dona Eva já insistia para virar modelo. Mas José não gostava da ideia. “Filha dele tinha de estudar, ser alguém na vida”, lembra Eliana. Eva, no entanto, não aguentava ver os olhos da loirinha ávidos por flashes de câmeras e a apoiava. “Foi coisa de destino”, pontua Eliana. Aos dez anos, ela conseguiu a tão sonhada matrícula numa agência de modelos e, logo, debutou na TV.
Aos 14, ingressou no grupo musical A Patotinha e, aos 17, já fazia parte do Banana Split, grande sucesso nos anos 90. Não demorou para o encontro com Silvio Santos acontecer. Foi durante uma gravação do “Qual É a Música?”, em 1991, que o ex-dono do Baú resolveu arriscar e chamou Eliana para ser apresentadora de programa infantil. “Como tudo na minha vida aconteceu de forma bem intuitiva e com um pouco de sorte, eu abracei a oportunidade que o Silvio me deu.”
Laço Infantil
Segundo Eliana, nem ela sabia que levava tanto jeito para a coisa. “Ele (Silvio) viu em mim alguém que nem eu mesma achava que era capaz de ser”, conta. O tiro do empresário foi certeiro. Eliana vendeu mais de 3,5 milhões de CDs e DVDs, lançou um filme que ficou entre as oito maiores bilheterias nacionais (“Eliana em O Segredo dos Golfinhos”, de 2005) e lançou dois livros (“Os Segredos dos Golfinhos”, de 2005, e “Os Segredos do Pantanal”, de 2006).
Mesmo fazendo sucesso, Eliana não esqueceu a exigência do pai: estudar. “Eu fiz um pacto com ele. Eu realizaria o meu sonho de estar na TV, mas ia estudar”, conta. Ela terminou o colégio e seguiu para a faculdade de psicologia. A pressão foi grande. “Eu era boa aluna. Mas, como fazia muitos shows, bombei de falta”, lembra.
Sucesso consagrado entre o público infantil, Eliana poderia estacionar aí, mas preferiu diversificar na jornada profissional. Outra porta se abriu, o público dela cresceu e, em 2005, depois de algumas experiências com dominicais, veio a estreia oficial com o público adulto: o programa “Tudo É Possível”, na Record.
A fase madura foi ganhando força. “Ela gosta de ver tudo de perto. Parece muito com a Hebe”, conta Ariel Jacobowitz, ex-diretor de Hebe e atual responsável pelo “Eliana”, no SBT. Mesmo cuidando minuciosamente de tudo, a apresentadora encontrou tempo para realizar seus projetos pessoais. “Depois de anos cuidando dos filhos dos outros, fui cuidar do meu”, conta ela, mãe de Arthur, de 1 ano, e mulher do produtor musical João Marcello Bôscoli, filho de Elis Regina.
Maternidade
“Antes, eu acordava umas 9h30 ou 10 horas e já saía de casa. Hoje, eu acordo às 6 e fico com o Arthur a manhã inteira”, diz ela. O filho é assunto no camarim ou no palco do SBT. “Ele é a coisa mais fofa desse mundo. É uma criança calma, com personalidade forte, sabe o que quer. Já tem até preferências musicais. Eu até canto para ele”, diz ela, orgulhosa.
João Marcello, por sua vez, a cobre de elogios. “Eliana é a mãe que toda criança no mundo merece ter: amorosa, segura e dedicada. Como empresária e dona de casa, dois ofícios de certa forma semelhantes, é uma gestora metódica e disciplinada”, fala o marido da apresentadora. E completa: “Como mulher, ela é um sonho, um presente do destino”.
O casal é discreto. Além de cuidar do filho e passear com ele, nas horas vagas, recebe os amigos em casa, inclusive, três amigas dela da época da faculdade. “Sou muito caseira. Algumas pessoas até falam que eu deveria circular mais”, conta Eliana. As aulas de ioga e a fé em Deus, segundo ela, a ajudam a manter o equilíbrio. “Tenho noção de quem eu sou e do que é a marca Eliana.” E faz planos de seguir assim até a velhice. E, é claro, de se aposentar em frente às câmeras. “Falando com a família”, frisa ela.
Nota publicada por Diário de São Paulo em 23/09/2012
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