Era uma vez um lindo reino encantado, habitado por crianças ingênuas e felizes, rodeadas por fabulosas criaturas produzidas por desenhos animados que, vez por outra, tinham suas histórias interrompidas por belas e encantadoras princesas loiras, subordinadas a uma “rainha” de voz meiga, sorriso fácil, dócil e zelosa por todos os seres ao seu redor. Mas eis que este reino, ora tão acolhedor foi, aos poucos, sendo ultrapassado freneticamente por uma realidade nada fácil. As crianças cresceram, amadureceram, começaram a se tornar pais e mães de novas crianças, frutos de gerações que não se satisfazem mais em apenas ficarem sentadinhas, contemplando as criaturas fantásticas que os cercam. O tal “reino encantado” entrou em colapso criativo e de público. Um verdadeiro “êxodo infantil”. As princesas se viram obrigadas a largarem a aura quase angelical e acordarem deste lindo mundo da imaginação. Mas a rainha, agora livre das garras intelectuais de uma pseudo madrasta cruel e controladora, permanecia envolta em uma redoma lírica e embaçada de realidade, acreditando que crianças são sempre crianças. Mal sabia ela que crianças também evoluem com o tempo. Tempo este que trouxe novidades tecnológicas e atrações que despertaram nas novas gerações infantis uma necessidade de interação, de sentido às coisas que não se encontrava mais nas atrações clássicas e estáticas daquele, antes, reino encantado.
A rainha ainda tenta fazer a transição deste mundo ideal e lúdico para o mundo real. As princesas do seu reino não esperaram seus príncipes encantados (ou qualquer motivo que fosse) para, literalmente, “caírem na real”, arregaçarem as barras dos vestidinhos fabricados por suas fadas madrinhas, largarem o ar de donzelas inocentes e assumirem a postura de mulheres fortes.
É com este pequeno “conto” que começo a falar daquela que, certamente, foi a princesa deste reino encantado e infantil que melhor cresceu e apareceu diante de todos nós.
Eliana Michaelichen Bezerra, mais popularmente conhecida como Eliana, teve uma carreira de sucesso diante de programas infantis no SBT e na Record. Mas Eliana soube a hora certa de subir no cavalo branco e, ela mesma, segurar as rédeas da situação e cavalgar rumo a novos horizontes, para além daquele reino cercado de crianças meigas, bichinhos de pelúcia manipulados, brincadeiras lúdicas e desenhos animados.
Eliana evoluiu a olhos vistos. Tornou-se um mulherão, em todos os sentidos. Prestes a completar 40 anos, e mãe do pequeno Arthur, 2 anos, filho do seu casamento com o músico e empresário João Marcello Bôscoli, Eliana exibe uma forma física invejável e uma disposição no trabalho que lhe garantem excelentes frutos profissionais.
A moça que, décadas atrás, ensinava as crianças a produzirem os mais variados tipos de coisas usando cola em bastão e tesoura SEM PONTA (sempre enfática neste ponto do programa), agora ensina seu público, em grande parte feminino, a ter hábitos saudáveis de vida, cuidados com a aparência, dicas de beleza, etc.
A apresentadora experimentou este desafio de transição de um público infantil para um público mais adulto e criterioso ainda na Record, onde trabalhou de 1998 até meados de 2008. O “Tudo é Possível”, programa destinado à família que fica diante da tv nas tardes de domingo, deu a Eliana a oportunidade de mostrar para o público e os críticos televisivos que ela tinha sim condições suficientes de encarar na batalha dominical por audiência nomes de peso como Faustão, Gugu e Silvio Santos, à época.
De volta ao SBT (2009) onde, recentemente, completou 4 anos do programa que leva o seu nome ao ar, Eliana continua dando provas de que realmente é uma comunicadora que sabe muito bem como comandar cerca de quatro horas da atração semanal no ar.
A fórmula do programa, em si, não é das mais inovadoras. Talvez o grande diferencial seja a boa vontade da produção e da própria apresentadora de testar, experimentar, levar com formas repaginadas quadros ou assuntos dos mais variados estilos, para uma audiência também variada.
Seja com pessoas que conquistaram 15 minutos de fama com um vídeo de 15 segundos na internet, visto e compartilhado por não sei quantos milhões de pessoas; seja fazendo perguntas capciosas para seus convidados; seja ajudando pessoas a reencontrarem parentes sumidos há tempos, ou mulheres a se sentirem melhores esteticamente, ou famílias a terem uma convivência melhor dentro dos próprios lares; seja “trollando” magnificamente bem os participantes do quadro “Rola ou Enrola”… Enfim, seja fazendo o que for, Eliana faz. E faz bem!
Sua vice-liderança quase sempre fácil de ser conquistada é o resultado de uma postura pessoal e profissional, por vezes criteriosa, que leva a apresentadora a uma execução de seu ofício diante das câmeras com uma naturalidade confortável e apreciável para quem a vê. Eliana se tornou íntima de seu público, conquistou credibilidade, simpatia e atenção.
Eliana nunca deixará de ser lembrada como a “moça dos dedinhos”. Mas, agora, reforça cada vez mais e melhor o status de “mulher dos domingos” na televisão aberta brasileira.
Nota publicada por RD1 Audiência em 06/10/2013
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