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Prestes a completar 50 anos, Eliana avalia: "a maturidade me trouxe um desejo de liberdade maravilhoso"

Confira nosso papo com Eliana que fala sobre maternidade, empreendedorismo, novos projetos, amadurecimento, chegada dos 50 anos e mais


Comemorando 32 anos de carreira, Eliana Michaelichen enaltece sua trajetória e se orgulha de feitos históricos para a televisão brasileira.

Há 16 anos, a apresentadora é a única mulher a comandar um programa de auditório aos domingos, em 2021 foi vice-líder de audiência em sua faixa de horário e celebra também 12 anos à frente do “Programa Eliana”, no SBT.

“Minha própria personalidade de querer aprender e evoluir, não estagnar, faz tudo acontecer. Acho que essa ousadia é natural da minha personalidade e acredito que será sempre assim querendo algo mais”, entrega ela que tomou as rédeas de sua carreira como sua própria empresária e divide seu tempo entre a carreira sempre em ascensão e a família. "Não conseguimos ser 100% em tudo e essa cobrança precisa parar de existir. É ok não dar conta, está tudo bem e precisamos saber disso, numa boa, sem se culpar tanto", avalia.

Mãe de Arthur (10), seu filho com o produtor musical João Marcelo Bôscoli (51), e Manuela (3), fruto de seu relacionamento atual com Adriano Ricco (43), Eliana ressalta a importância do espaço feminino no mercado de trabalho ainda em desconstrução: “É absolutamente necessário e fundamental que a gente busque equidade e igualdade. Para mim sempre foi e ainda é um desafio constante. Em qualquer área profissional, não importa o quão longe uma mulher chegue, ela sempre vai precisar provar que é capaz e ainda assim existirão questionamentos”, diz.

Aos 48 anos, a estrela garante que sua missão profissional como as crianças já foi cumprida e que envelhecer não é um problema: “A maturidade me trouxe um desejo de liberdade maravilhoso. Envelhecer nunca foi um problema para mim. Envelhecer faz parte de estar vivo".

Aqui, confira nosso papo com Eliana que fala sobre maternidade, empreendedorismo, novos projetos, amadurecimento, chegada dos 50 anos e mais.

Como você se reinventou como profissional ao longo desses 32 anos de carreira?

Minha própria personalidade de querer aprender e evoluir, não estagnar, faz tudo acontecer. Me aventurei no cinema, na música, nos negócios, mudei de público algumas vezes, mudei de emissora também. Acho que essa ousadia é natural da minha personalidade e acredito que será sempre assim, querendo algo mais. De alguma maneira isso faz muito bem para a minha carreira e para a minha vida pessoal e as coisas vão acontecendo.

Tão populares nos anos 90, hoje já não temos tantos programas infantis na rede aberta. Sente falta de um programa para crianças? Já pensou na possibilidade?

Acho que são outras épocas quando falamos de programas infantis e o que atrai as crianças. Trabalhei dezesseis anos para elas e já faz dezesseis anos que eu trabalho para o público família. Elas não estão excluídas do meu trabalho, as crianças podem assistir ao programa que é para a família brasileira. Digo que eu não deixei de falar com elas, mas ampliei falando com os pais, os avós. Hoje minha dedicação às crianças é como mãe. Acredito que minha missão como as crianças de uma maneira geral já foi cumprida. Mas elas ainda me param para tirar fotos, tem um carinho com alguns quadros do programa mesmo não sendo direcionado para elas.

Ainda sente frio na barriga antes de entrar no ar?

Sempre. Antes de entrar no ar, antes de dar uma entrevista, antes de entrar no palco de um evento, participar de uma transmissão ao vivo. Tenho muito respeito pela comunicação que eu estabeleci com meu público e, em função disso, em todos os encontros que eu sei que vou falar e serei ouvida sinto frio na barriga. Não por insegurança, mas por respeito ao público e ao que eles irão ouvir de mim. Acho que será sempre assim porque tenho verdadeira paixão pelo que eu faço.

Falamos muito sobre a importância do espaço feminino no mercado de trabalho. Como foi essa conquista para você? Ainda é difícil?

É absolutamente necessário e fundamental que a gente busque equidade, igualdade e para mim sempre foi um desafio e ainda é um desafio constante. Em qualquer área profissional, não importa o quão longe uma mulher chegue, ela sempre vai precisar mostrar que é realmente boa, realmente capaz e ainda assim haverá gente questionando. Felizmente nós mulheres estamos nos apoiando mais, estamos discutindo mais sobre o nosso espaço dentro de casa e fora dela e essa rede de apoio tem nos ajudado bastante. Com isso o mercado vai mudando e hoje já é mais acolhedor para as mulheres, mas ainda falta muito a ser conquistado com certeza.

Você não tem empresário, correto? Desde quando decidiu tomar as rédeas da sua carreira e por quê?

Exato, sou minha própria empresária. Profissionalmente sempre fui muito determinada e exigente comigo, com tudo o que eu lancei e coloquei meu nome. Onde estou gosto de estar por inteiro e sempre de forma respeitosa. A ideia de comandar todos os processos e estar por dentro de tudo sempre foi muito natural para mim. Mas claro que ninguém chega no sucesso ou é feliz sozinho, então sempre tive excelentes profissionais ao meu lado e deixo eles trabalharem com o que sabem. Tenho bons advogados, um bom administrativo, uma excelente secretária, um excelente diretor, uma produção incrível e assim vai. São pessoas que estão comigo, dando esse respaldo para que eu mostre meu trabalho.

Recentemente, você fez um desabafo sobre ter sido flagrada por um paparazzi de biquíni. Ser uma figura pública gera alguns bloqueios em você?

Sempre acreditei que quando estivesse da porta para fora da minha casa, teria que estar pronta para atender ao approach do público porque eu escolhi ser uma pessoa pública, escolhi ser uma profissional que entra na casa das pessoas através de um dos meios de comunicação mais fortes que existem que é a televisão. Então não posso negar que toda vez que eu saio de casa, saio preparada para receber esse carinho, ou ter um celular apontado para mim em situações que não estaria preparada, um almoço ou uma conversa mais séria, mas tenho consciência que isso faz parte da minha profissão.

Nesse episódio específico que aconteceu, eu realmente não esperava ter sido flagrada daquela maneira, naquelas poses. Foi uma surpresa ter me visto nas redes sociais daquela forma. Por outro lado, foi uma libertação interna minha, que já vem acontecendo há alguns anos. Por algum motivo, a maturidade me trouxe esse desejo de liberdade que é maravilhoso. Estar livre da pose, da preocupação, do julgamento alheio te liberta e é assim que eu venho me sentindo a cada dia. Porém essa questão da exposição do corpo é um desconforto para várias mulheres independente da profissão, idade ou classe social. É um reflexo da sociedade machista que vivemos, que tem um olhar crítico para as mulheres, para os corpos femininos e não podemos ser reféns disso. Daí meu desabafo. Recebi apoio e acabei sendo inspiração para outras mulheres. É mágico poder receber e dar esse carinho também.

Como essa cobrança pelo corpo perfeito ou pela imagem e personalidade estáveis te afetou durante os anos?

Antes dos 30 anos eu fiz plástica e uma lipoaspiração. Não tenho nada contra esse tipo de procedimento, mas hoje busco alternativas menos invasivas e que cuidem mais da minha saúde do que apenas do corpo. Aprendi amar meu corpo com todas as suas características e acho que esse é o caminho mais fácil e amoroso consigo mesma.

Com a proximidade dos 50 anos, você sente que está em sua melhor fase ou existem lutas internas para vencer?

As lutas internas são constantes, mas envelhecer nunca foi um problema para mim. Envelhecer faz parte de estar vivo. Estou envelhecendo porque estou vivendo e só tenho a agradecer.

Seus filhos sabem que a mãe é famosa? Como é a relação deles com as mídias?

A Manuela não tem noção que a mãe é famosa. Outro dia ela me fez uma pergunta que achei uma graça. Ela questionou se todas as mães que ela conhece trabalham na televisão. (risos)

O Arthur com dez anos já sabe, já curte e dá a opinião dele de alguns programas, alguns temas, também gosta de me acompanhar nas redes sociais. Inclusive entrei no Tiktok por incentivo dele que me ensinou a fazer as dancinhas no início. Como ele já é mais velho, também tenho o cuidado de sempre antes de postar uma foto ou um vídeo dele, perguntar se ele gosta da ideia de se ver ali. Acho que precisa ser sempre consensual e respeitoso.

Eles consomem ou consumiram algum dos conteúdos que você fez na época que trabalhava com público infantil?

Para a Manu mostrei alguns clipes musicais infantis. O Arthur acabou descobrindo sozinho nas redes sociais. A pergunta frequente deles quando assistem é porque eles não estavam ali comigo e com aquelas crianças. (risos)

Para mim um dos momentos mais fofos foi ver a Manuela cantarolando a música ‘Dedinhos’ pela casa. Ela adora também a música ‘Aí meu nariz’ e as vezes cantam e eu fico toda orgulhosa. Mas eu entendo que a comunicação com as crianças mudou muito. As mídias mudaram muito de 15 anos para cá. É um outro tipo de conteúdo que fisga as crianças atualmente. É diferente do que eu fazia no passado, tem um outro ritmo, um outro formato.

Quais clichês da maternidade você não aguenta mais ouvir?

Algumas frases clichês como ‘o importante é que venha com saúde’. Me incomoda porque caso em algum momento aconteça uma intercorrência, algo que a gente não explique, e a criança não venha com saúde, ela será amada, cuidada, acolhida independentemente de estar com saúde ou não. Para mim essa frase não se aplica porque para um pai e para uma mãe o filho será bem-vindo e amado da maneira que vier.

‘Você nunca mais terá uma noite de sono’ é outra frase que se tiver relação com a preocupação eu concordo. Já com a noite de sono em si, acredito que tem a ver com a divisão de tarefas com seu companheiro e é importantíssimo afinal o filho não é só de uma pessoa. Também tem a questão da ‘mulher polvo’, ‘supermulher’, ‘mulher biônica’, ninguém é assim. Não conseguimos ser 100% em tudo e essa cobrança precisa parar de existir. É ok não dar conta, está tudo bem e precisamos saber disso, numa boa, sem se culpar tanto.

Quais os próximos sonhos que você deseja realizar como profissional e em sua vida pessoal?

Quero continuar me reinventando. Recebi um convite da Netflix e da Floresta Produções para apresentar um programa de empreendedorismo que entra no streaming logo no início do ano. É uma competição entre empreendedores criativos e empresários que podem levar um grande prêmio se o produto deles valer a pena. Foi algo diferente, que nunca tinha feito, gostei da experiência e espero que novas oportunidades surjam para que eu possa me desafiar como profissional.

No lado pessoal, meu sonho é que todas as pessoas que eu amo vivam com muita saúde e que possamos estar sempre unidos. Esse é o maior tesouro que podemos ter na vida: a união das pessoas que amamos e a saúde.

Você se incomoda de ainda ser apontada como “a Eliana dos dedinhos”?

Não me incomodo porque essa música é conhecida mundialmente na versão de Frère Jacques e aqui no Brasil ficou conhecida por mim. As crianças até hoje usam essa música na escola para coordenação de movimentos finos e é um legado que eu deixo, uma boa lembrança, um momento educativo, só tem coisas boas. Então não me incomodo em absoluto. Sei que é algo muito especial que deixei plantado e colho muitos bons frutos. Essas crianças cresceram, hoje são adultas, tem filhos, colocam as músicas para eles ouvirem e ainda apreciam meu programa e me acompanham esses anos todos. Sou grata por toda a minha história e tenho muito orgulho de toda a minha trajetória.

Nota publicada por Vogue

 

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